ilustração: Nara Oliveira
A seguir gostaria de apresentar o texto de uma excelente colaboradora nossa, a psicóloga e doula em formação Patrícia Loraine.
Com muito carinho, sensiblidade e numa narrativa envolvente, Patrícia realça resgata a sujetividade feminina desde suas características mais biológicas até sua dimensão transcendental.
É um prazer, como homem compromissado com o feminismo, oferecer este espaço para que mulheres fantásticas desconstruam o paternalismo pernicioso que permeia esta nossa sociedade ocidental.
Chega da falácia da inveja do falo.
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O
caminho de uma vida feminina é cheio de oportunidades, belezas e flores. Muitas
de nós perdemos isso, passamos pela luz de olhos fechados, por que o nosso
poder foi por muito tempo silenciado. Chegou a hora de dar voz. Temos o privilégio
de, desde muito pequeninas, sermos cuidadas e aprendermos a cuidar. Aprendemos
a expressar nossos sentimentos, a compartilhá-los, a ouvirmos umas as outras.
Aprendemos a desejar o melhor para nós, a nos cuidar como a uma joia rara, a nos
enfeitar e nos perfumar com amor.
A
Natureza, nossa Grandiosa Mãe, nos confiou uma bênção imensurável, pela qual
todas nós devemos gratidão. É através de nós que a humanidade permanece, é do
nosso corpo que ela se nutre, no nosso colo que ela descansa. Isso é muito
sagrado, é uma dádiva que compartilhamos. Todas, mesmo aquelas que não podem
ter filhos, ou que não desejam tê-los. Isso por que todas somos Uma. Todas nós
já parimos cada ser humano deste planeta, o carregamos e o amamentamos, e a
cada vida que renasce, é em nós que ecoa seu choro.
Essa
bênção que carregamos manifesta todo o seu potencial e energia no mundo
material através do nosso aparelho reprodutor. Nossa vagina, nosso útero e
nossos ovários são altares sagrados, são portais de comunicação com o Todo, com
a Unidade, com a Vida e com a Morte.
Ao
longo do silêncio por que passamos, nós perdemos o contato com este altar
divino, ele foi entregue à medicina, ao tempo corrido, à impaciência. Agora
vamos retomá-lo.
A
vagina é um túnel suave, molhado, caminho de chegada de todos a este planeta. É
o canal do amor, da receptividade, da força que acolhe, do rio suave e ritmado.
É o prazer de receber. O útero é o mistério, a escuridão da noite, a lua que
enche e se esvazia, o véu escuro entre a vida e a morte, o lugar do crescimento
e do sangue, embaixo da terra úmida e negra, o recolhimento antes do amanhecer.
Os ovários são a árvore da vida, o fazedor de frutos, o fruto do desejo, da
paixão, a explosão, a expansão.
O
caminho feminino é também muito solitário. Isso não é
ruim, pois é a manifestação das infinitas possibilidades divinas. É solitário
por que é intuitivo, subjetivo e individual. E mesmo assim somos tão abençoadas
que compartilhamos umas com as outras os nossos caminhos. Andamos em estradas
diferentes de mãos dadas, abraçadas com o peito no peito e ventre no ventre
umas das outras.
A
partir de agora você abre os olhos da sua alma para a sacralidade que é ser
mulher, olha para si mesma, para o seu corpo e para as suas irmãs com amor e
reverência, e se coloca à disposição para relembrar toda a força que brota naturalmente
de você. E então você agradece.
Obrigada pela linda introdução ao texto, Pedro! Uma honra estar neste espaço.
ResponderExcluirPatrícia Loraine
Profundas as palavras da minha Babi. Nos faz perceber o quanto o capitalismo, o materialismo e o lado falso da evolução da mulher nos distancia do "Feminino", fazendo muitas de nós perder o contato com o lado Sagrado de ser Mulher.
ResponderExcluirUm texto belo e sensível. Um incentivo para que possamos reconhecer e nos orgulhar do feminino divino que habita nossa constituição. Afrodite/Vênus/Inana/Isis/Oxum/etc têm muito a nos ensinar.
ResponderExcluirRosanna.
Viva o sagrado feminino!
ResponderExcluirPatricia, voce me inspira em muitas formas. Eu te amo tanto irma. Estou muito grata pelo sua presenca em minha vida! Voce e pura energia femina!!!!! <3 <3 <3
ResponderExcluirQuerida, lindo e emocionante texto! Um Salve ao nosso Sagrado Feminino! Quero expor uma opinião: só não gostei da foto que representa o texto, acho desnecessário que para demonstrar o Poderoso Feminino, se perca a doce feminilidade, afinal, estamos ancorando isso, queremos preservar isso. Eu colocaria uma Mãe, com uma flôr no cabelo, doce, sem perder a firmeza. Sem caras e bocas. Gratidão..
ResponderExcluiré as caras e bocas que acho mais incompatível na foto mesmo.. mas meros detalhes. bom para pensarmos! belo texto! Lilia
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