O primeiro problema que se apresenta na inscrição de uma narrativa
acadêmica cujo propósito é a apresentação de um fenômeno qualquer a uma
determinada comunidade discursiva, é a escolha da linguagem e o leque semântico
a ser explorado, o significado que revelará, e invariavelmente, ocultará tal
fenômeno. Muitos não pensarão sobre este ponto de partida e repetirão os
cânones discursivos que controlam, editam, a expressão e comentário da produção
de conhecimento; outros se debruçarão sobre o assunto e escolherão
minuciosamente suas palavras, expressões, estruturas textuais. Como arquitetos
do verbo, estes últimos se empenharão em dar forma a um edifício discursivo onde
a opacidade e a translucidez das palavras/conceitos dará forma aos espaços,
propondo zonas de sentido. Estruturalistas chafurdarão entre seus esqueletos,
enquanto construcionistas sociais farão móbiles de espelhos. Os
desconstrutivistas, bem esses hão de (des)“constr”-[ruir!] castelos de areia,
que são pequenas pedras, que foram grandes pedras, que estão no mar, que é
muita água, entretanto uma água especial, misturada com sal, cloreto, potássio,
vida, mar-mãe-mère-vieillemère-merveille. Nessas horas é inevitável lembrar o
traquinas do Sokal rindo dos rizomáticos Deleuze e Derrida.